Próximo da margem esquerda da Ribeira da Vilariça, integrando a freguesia de Eucisia, foram identificadas duas placas xistosas de grandes proporções, contendo na sua superfície lisa uma divesificada sequência de motivos rupestres gravados. A pedra de maiores dimensões atinge os cinco metros de altura e tem três metros de largura. Encontra-se profusamente decorada com motivos martelados ou picados, lendo-se nela uma esquemática figuração humana, bem assim como motivos em "ferradura" completados por pequeno círculo central. As gravuras feitas pelo método de incisão aparecem de forma linear e geometrizante, identificando-se escadas e quadrículas, triângulos e setas, embora o seu significado real permaneça uma incógnita. A outra placa, de menores proporções, é preenchida por sinalética agrupada em duas partes. Quatro escadas e um triângulo constituem uma delas, enquanto a outra apresenta sete sinais sugerindo uma escrita arcaica. Estas gravuras são de cronologia incerta. No entanto, por análise da técnica pode-se afirmar que as gravuras marteladas são mais antigas do que as que foram obtidas pelo método de incisão. As primeiras poderão ser atribuídas ao período Neolítico (entre 10 000 e 3500 a. C.), enquanto as gravuras por incisão serão atribuíveis à Idade do Ferro (aproximadamente entre o século VII e III a. C.).
Como referenciar este artigo:gravuras rupestres de Alfândega da Fé. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2009. [Consult. 2009-09-16].
A maior alegria de Isiéli,
ResponderEliminara trapezista triste, está em saltar impossíveis,
pra lá da cobertura, dum arame ténue, até pairar,
alta, por entre cintilantes estrelas.
A maior alegria de Isiéli, a trapezista triste,
está em ir, sequer em sonho, até pra lá da lona,
entre fios e luzes, pra voltar ao chão,
e andar somente, ligeira como se voasse.
Isiéli caminha p’los seus afazeres como em puro voo no trapézio,
em busca da paisagem única,
que lhe apresente o limite do amplo estrelejado céu.
É-lhe necessário ponderar fraquezas e forças em pleno salto.
-
Lembrar-te ainda na varanda,
atravessando-nos a hora a despedida,
me faz romper a mudez entre montes perdido:
Pra falar do memorial no coração
gravado a golpes fulgentes a espada:
Abundante pão até todos os meninos,
o fragor dum tronco, fúria irrompendo.
-
Mulher Mãe todos redime
para os braços em sangue do Filho,
a erguer-nos dum chão de baionetas.
-
Aí acima estás,
erguido à cruz, em Teu lugar de dor.
Dura dor Tua dor,
que é dor, e morte vida,
por estares aí assim,
morto e trespassado.
Mas arrebatasTe-nos até a Teu tão alto aterro.
Em dúvida a Ti venho, faminto desolado
na busca da Esperança que ficou
desde a Tua vitória sobre o Fim.
DesTe ao bom ladrão lugar cimeiro,
à direita imensa dO Pai.
Vá conTigo também meu coração.
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‘A verdade far-vos-á livres…’
Libertará aqueles cujos nomes constam do Livro da Vida,
porque passaram a grave tribulação: Suas túnicas, branqueadas
no Sangue do Cordeiro, torturados, gaseados, cremados,
cinzas dispersas, da ignomínia reviverão.
Crês isto, contra senãos e desesperanças?
‘Adeus, Príncipe, pela primeira vez encontrei um homem!’
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‘A ti, sentinela, constituo vigilante da Israel Família…’
Não te escuses repetindo: Acaso respondo p’lo irmão?
Se não o alertares, e ele cair, com ele cairás.
Se não fizeres soar a trombeta, haverá ruína na casa:
A ti pedirão contas. Se não proclamares o aviso em tempo,
às profundas pagarás pelos teus porque não vigiaste.
Se fizeres soar o som, o Seixinho Branco, que firmas no punho,
te encherá, com redobrada alegria, transbordando paz.
Que a Rocha te não destrua; aponta-A.
Ela te será o bem mais precioso,
o tesouro escondido, por que tudo deixaste.
‘Senhor, eu não sou digno de que reparTas pão comigo,
descansado sob meu tecto,
mas a uma só palavra Tua,
ou a um único aceno Teu, eu serei outro.’
-
4/1/1970:
Forte subterrânea convulsão, repentino estrondo surdo:
Em sua força íntima, brusca, uma árvore se eleva do chão.
O anjo, com a espada, desce a últimos confins da Terra,
transportando, na hora, à geral devastação, o furor d’Iahweh.
Seu escuro fundo olhar fixa o dormente mortal,
que num estremecido susto se fere da benévola mágoa.
O Filho do Homem, esplêndida nudez trespassada,
abraça, num vaso transbordante, muitos meninos abortados,
derramando leite, mel, um doce pão a saciar-lhes as mortes.
O pão é dor do homem vivo, sanguíneo vinho dum flanco,
tortura que vitima o pacífico anho.
Logo desperta enxugando as lágrimas o peregrino
do oriente regressado a seus.
O Livro a donzela relê num milésimo fragmento de segundo;
altíssima, olhos decaindo sobre tecido texto, assiste insuspeitas
oscilações à alma, na feliz ultrapassagem da eternidade.