quarta-feira, 16 de setembro de 2009

PEDRA DE REVIDES

Próximo da margem esquerda da Ribeira da Vilariça, integrando a freguesia de Eucisia, foram identificadas duas placas xistosas de grandes proporções, contendo na sua superfície lisa uma divesificada sequência de motivos rupestres gravados. A pedra de maiores dimensões atinge os cinco metros de altura e tem três metros de largura. Encontra-se profusamente decorada com motivos martelados ou picados, lendo-se nela uma esquemática figuração humana, bem assim como motivos em "ferradura" completados por pequeno círculo central. As gravuras feitas pelo método de incisão aparecem de forma linear e geometrizante, identificando-se escadas e quadrículas, triângulos e setas, embora o seu significado real permaneça uma incógnita. A outra placa, de menores proporções, é preenchida por sinalética agrupada em duas partes. Quatro escadas e um triângulo constituem uma delas, enquanto a outra apresenta sete sinais sugerindo uma escrita arcaica. Estas gravuras são de cronologia incerta. No entanto, por análise da técnica pode-se afirmar que as gravuras marteladas são mais antigas do que as que foram obtidas pelo método de incisão. As primeiras poderão ser atribuídas ao período Neolítico (entre 10 000 e 3500 a. C.), enquanto as gravuras por incisão serão atribuíveis à Idade do Ferro (aproximadamente entre o século VII e III a. C.).
Como referenciar este artigo:gravuras rupestres de Alfândega da Fé. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2009. [Consult. 2009-09-16].

1 comentário:

  1. A maior alegria de Isiéli,
    a trapezista triste, está em saltar impossíveis,
    pra lá da cobertura, dum arame ténue, até pairar,
    alta, por entre cintilantes estrelas.
    A maior alegria de Isiéli, a trapezista triste,
    está em ir, sequer em sonho, até pra lá da lona,
    entre fios e luzes, pra voltar ao chão,
    e andar somente, ligeira como se voasse.
    Isiéli caminha p’los seus afazeres como em puro voo no trapézio,
    em busca da paisagem única,
    que lhe apresente o limite do amplo estrelejado céu.
    É-lhe necessário ponderar fraquezas e forças em pleno salto.
    -
    Lembrar-te ainda na varanda,
    atravessando-nos a hora a despedida,
    me faz romper a mudez entre montes perdido:
    Pra falar do memorial no coração
    gravado a golpes fulgentes a espada:
    Abundante pão até todos os meninos,
    o fragor dum tronco, fúria irrompendo.
    -
    Mulher Mãe todos redime
    para os braços em sangue do Filho,
    a erguer-nos dum chão de baionetas.
    -
    Aí acima estás,
    erguido à cruz, em Teu lugar de dor.
    Dura dor Tua dor,
    que é dor, e morte vida,
    por estares aí assim,
    morto e trespassado.
    Mas arrebatasTe-nos até a Teu tão alto aterro.
    Em dúvida a Ti venho, faminto desolado
    na busca da Esperança que ficou
    desde a Tua vitória sobre o Fim.
    DesTe ao bom ladrão lugar cimeiro,
    à direita imensa dO Pai.
    Vá conTigo também meu coração.
    -
    ‘A verdade far-vos-á livres…’
    Libertará aqueles cujos nomes constam do Livro da Vida,
    porque passaram a grave tribulação: Suas túnicas, branqueadas
    no Sangue do Cordeiro, torturados, gaseados, cremados,
    cinzas dispersas, da ignomínia reviverão.
    Crês isto, contra senãos e desesperanças?
    ‘Adeus, Príncipe, pela primeira vez encontrei um homem!’
    -
    ‘A ti, sentinela, constituo vigilante da Israel Família…’
    Não te escuses repetindo: Acaso respondo p’lo irmão?
    Se não o alertares, e ele cair, com ele cairás.
    Se não fizeres soar a trombeta, haverá ruína na casa:
    A ti pedirão contas. Se não proclamares o aviso em tempo,
    às profundas pagarás pelos teus porque não vigiaste.
    Se fizeres soar o som, o Seixinho Branco, que firmas no punho,
    te encherá, com redobrada alegria, transbordando paz.
    Que a Rocha te não destrua; aponta-A.
    Ela te será o bem mais precioso,
    o tesouro escondido, por que tudo deixaste.
    ‘Senhor, eu não sou digno de que reparTas pão comigo,
    descansado sob meu tecto,
    mas a uma só palavra Tua,
    ou a um único aceno Teu, eu serei outro.’
    -
    4/1/1970:
    Forte subterrânea convulsão, repentino estrondo surdo:
    Em sua força íntima, brusca, uma árvore se eleva do chão.
    O anjo, com a espada, desce a últimos confins da Terra,
    transportando, na hora, à geral devastação, o furor d’Iahweh.
    Seu escuro fundo olhar fixa o dormente mortal,
    que num estremecido susto se fere da benévola mágoa.
    O Filho do Homem, esplêndida nudez trespassada,
    abraça, num vaso transbordante, muitos meninos abortados,
    derramando leite, mel, um doce pão a saciar-lhes as mortes.
    O pão é dor do homem vivo, sanguíneo vinho dum flanco,
    tortura que vitima o pacífico anho.
    Logo desperta enxugando as lágrimas o peregrino
    do oriente regressado a seus.
    O Livro a donzela relê num milésimo fragmento de segundo;
    altíssima, olhos decaindo sobre tecido texto, assiste insuspeitas
    oscilações à alma, na feliz ultrapassagem da eternidade.

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